domingo, 12 de abril de 2015

A exposição Gêneses, de Sebastião Salgado

Hoje fomos à exposição “Gênesis”, do Sebastião Salgado. Esperamos cerca de 40 minutos na fila, mas a experiência valeu, me emocionei em diversos momentos. Não entendo desta arte, posso falar apenas daquilo que me sensibilizou. Em primeiro lugar o nome escolhido diz muito. Ao entrar na galeria e começar a observar as fotografias e a forma como estão organizadas, a sensação é de estar fazendo parte do movimento de criação do mundo, um mundo onde nós não estamos. Central é a natureza e a beleza da nossa ausência. Entre paisagens e animais magníficos, as pessoas que existem parecem parte ou talvez uma força dessa natureza. Uma criança indígena segura um peixe e as pinturas de seu corpo imitam os desenhos geométricos e escamas desse animal. Um idoso de uma tribo do Sudão sentado, nú, e as rugas e dobras da sua pele sobre a barriga são idênticas à textura da árvore de tronco retorcido na fotografia anterior. Em alguns momentos senti um frio na espinha, pois Gêneses me lembrou que talvez sejamos mais natureza do que desejamos, me mostrou gentes e paisagens absolutamente desconhecidas e ao mesmo tempo de uma grandeza tão impressionante que, a forma como organizamos nossa vidinha, como confiamos nisso tudo e no que há de razão por trás disso, de repente deixou de fazer sentido. Mas, claro, ao mesmo tempo é pretensioso querer ser do tamanho dessa natureza. Deixei a galeria desejando apenas me sentir à vontade neste mundo.

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