segunda-feira, 16 de março de 2015

O PT depois das manifestações de 15 de março

A Dilma foi eleita com 54.501.118 votos (foram apenas 3 milhões de votos de diferença para o segundo candidato). Ex-ministros do STF já foram à TV explicar porque não há a menor possibilidade de impeatchment. Seria ato ilegal diante do fato de não haver, sequer, uma acusação formal contra a presidenta. Estes mesmos ministros também explicaram que pedido de intervenção militar é coisa de quem não voltou da viagem de LSD (não com essas palavras, claro). Diante disso é fácil constatar que as passeatas de ontem são o menor dos problemas da Dilma e do PT hoje. O problema do PT é que o partido está num limbo: não consegue mais representar os interesses de seus eleitores de esquerda e nunca conseguirá representar os que se dizem de direita. E claro, sairá desgastado depois de 16 anos no poder












Cabe um adendo: resisti em colocar a data no título já que supervaloriza e da nome a um evento sem tanta importância política que foram as passeatas de ontem. Sem importância política porque muitas das reivindicações não faziam sentido, vide as fotos acima. Não havia coesão de interesses sociais, não havia uma pauta que reunisse demandas reais, não havia coerência nas propostas. Podia ter sido micareta, alucinação coletiva de chá de cogumelo, poderia ser revanchismo, e poderia ser (o que deveria ter sido) um grupo de pessoas insatisfeitas, e com razão, com decisões políticas e econômicas equivocadas tomadas por esta gestão. Mas o que poderia ter sido não foi, e houve aqueles que abandonaram a passeata ao perceber isso.

domingo, 15 de março de 2015

Um país convulsionado? nem tanto

Tem faixa pedindo o fim da doutrinação marxista: "basta de Paulo Freire nas escolas". Na cidade de Jundiaí tem dois bonecos de Lula e Dilma enforcados, pendurados em um viaduto. Há uma infinidade de faixas pedindo a volta da ditadura militar, e na imagem abaixo, a suástica como símbolo de salvação do país. Não sei se o que estamos vendo hoje é só analfabetismo político ou o total desapreço pela democracia. Talvez o mal, banalizado, como nos ensinou Hannah Arendt, porque sem dúvida, o pensamento e a reflexão não foram às ruas hoje.
E teve essa moça aí, que deve ter ido pedir a redução do preço do silicone

quarta-feira, 11 de março de 2015

Sobre um país dividido

     Estudar a história política do Brasil, escrever uma tese sobre isso, é realmente gratificante. Cada vez mais me percebo vivendo num mundo que entendo, que faz sentido para mim.
     Tentando compreender a experiência do constitucionalismo no Brasil em princípios do século XIX, percebo, cada vez mais, que o que estava em jogo, ou principal problema enfrentado pelos construtores do novo regime, era o problema da representação política. Pierre Ronsavallon chamou a isso "mecanismos da formação política da vontade geral. Urgia criar um sistema político (constitucional) capaz de aglutinar muitas vontades e demandas por representação política de uma população cada vez mais diversa e com maior consciência de seu poder de atuação direta na vida política. O liberalismo tinha como premissa uma administração pública transparente já que a sociedade andava agora cada vez mais envolvida com o "bem público". 
       Ora, o paralelo com com nossa atual conjuntura social e política é bem fácil de se estabelecer, até porque, o momento político nada mais é do que estes valores levados ao limite, mas principalmente, pode ser explicado pela histórica e revolucionária inversão do lugar daquele "povo" que era então representado. (termino isso daqui a pouco rsrsrs)