terça-feira, 31 de janeiro de 2012

De volta ao Cerco de Lisboa

A leitura do Saramago vai bem obrigada, bem devagar. Tenho dedicado tempo a leituras acadêmicas e o Cerco de Lisboa tem sido deixado de lado. Não é difícil como pensei a princípio. É preciso, na verdade, se acostumar com o estilo do autor. Ele tenta aproximar sua escrita da oralidade, substituindo por exemplo pontos por vírgulas, ou abrindo mão dos dois pontos e do travessão ao apresentar as falas das personagens no discurso direto. O resultado é que é preciso algumas 30 páginas para se acostumar com frases enormes, naturalizar a pontuação e deixar a leitura fluir. Engrenei:
"Afinal, é apenas um romance entre os romances, não tem que preocupar-se mais com introduzir nele o que nele já se encontra, porque livros destes, as ficções que contam, fazem-se, todos e todas, com uma continuada dúvida, com um afirmar reticente, sobretudo a inquietação de saber que nada é verdade e ser preciso fingir que o é, ao menos por um tempo, até não se poder resistir à evidência inapagável da mudança, então vai-se ao tempo que passou, que só ele é verdadeiramente tempo, e tenta-se reconstituir o momento que não soubemos reconhecer, que passava enquanto reconstituíamos outro, e assim por diante, momento após momento, todo o romance é isso, desespero, intento frustrado de que o passado não seja coisa definitivamente perdida. Só não se acabou ainda de averiguar se é o romance que impede o homem de esquecer-se, ou se é a impossibilidade do esquecimento que o leva a escrever romances."

2 comentários:

  1. Aaai, eu comprei esse livro para a graduação. A professora disse que todo mundo ia ler, depois mudou o modo de dar aula dela (para pior) e resolveu separar grupos de seminário. Sabe aquele famoso "só vou ler o meu"? Pois bem! e para piorar todos os grupos que apresentaram sobre o Cerco, falaram mal... ele está ali, na minha estante.

    ps: arrumei a estante você precisa ver!
    ps2: quando vc chegar me lembra e me ajudar a escolher a moldura da minha figura da Mafalda que ganhei de vocês de presente e por falta de vergonha na cara não diz até agora.

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  2. Gente, que coincidencia boa. Mas falaram mal de que? Falaram mal porque não entenderam, te garanto, o livro é genial! Te explico pessoalmente.
    Mafaldinha, rsrs, Valdei acha ela sua cara, por isso o presente! Que é em parte, de grego, porque deixar para vc colocar a moldura é como dar presente e despesa, rsrsr

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