quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Parceria

Depois de nos perdermos em absolutamente todas as vezes que viajamos juntos, meu namorido resolveu comprar um GPS e lá fomos nós, destemidos, rumo a Araruama no feriadão. Seguimos à risca as indicações da geringonça e até fomos no rumo certo. O problema foi quando nos demos conta de que não desativamos a opção "estradas não pavimentadas" e assim, fomos parar numa estradinha de barro, que deve ter sido batida pelos bandeirantes paulistas no século XVIII. Estávamos descendo a serra de Nova Friburgo debaixo de chuva, a 20km/h. Foi quando começamos a rir, afinal de contas, aquilo era fichinha perto das inúmeras vezes que erramos caminhos, caimos em valas, entramos em motéis abandonados, etc. A estrada era linda e ao final nos deparamos com um armazém colonial, perdido, conservado, intocado e aberto, vendendo, assim como deveria ser a anos atrás, secos e molhados. Tão maravilhados nem lembramos de tirar uma foto.
Essa estrada nos levou a Lumiar, para nossa surpresa, um lugar lindo cheio verde e cachoeiras. Aventureiros que somos, seguimos viagem ouvindo a geringonça: "vire à direita", "vc está acima do limite de velociade". Chegando em São Pedro da Aldeia, lembramos que alí fica a " Casa da Flor", uma obra prima da arquitetura espontânea, comparada ao trabalho de Gaudi. O intrépido casal foi em busca da tal casa, mas sem a ajuda do GPS pois não sabíamos o endereço. Nos perdemos na periferia da cidade, mas como sempre, chegamos e nos surpreendemos. É uma visão emocionante, difícil de definir. Só mesmo meu namorido, historiador dos conceitos conseguiu criar um para a Casa.
-Lua, é um beleza orgânica, como uma caixa de marimbondos, uma colméia de abelhas, ou algo assim. É vivo, é pulsante.
Ele sabe tudo! Gabriel Joaquim dos Santos, trabalhador rural, analfabeto, construiu a casa. Nunca se casou ou teve filhos, dedicou a vida àquela casa. E novamente ele:
-Isso é queimar uma vida em nome de algo que se acredita maior.
Eu já havia visto imagens da Casa pela internet e televisão, mas nada se compara à experiência de estar alí.
Depois disso resolvemos seguir viagem. Paramos num quiosque à beira da lagoa de Araruama, pedimos um chopinho e entre risadas e lembranças da aventura, propus:

-"Um brinde à nossa relação"

3 comentários:

  1. Eh! Claaro que eu tenho que comentar: me surpreende que o kindle high tech de V. não tenha a opção GPS...hehehe..

    Brincadeiras à parte isso tudo é uma delicia. Se perder e encontrar coisas lindas (paisagens) onde a gente menos espera é muito legal e melhor ainda em companhia de quem a gente ama.

    Poder, no final das contas, fazer um brinde sincero à parceria de uma relação nada monótona... muito bom!


    Fico tão feliz por vocês!!!

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  2. Ah! Fiz um post explicando o post anterior!huahuahuauauhu

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  3. aaaaai sim, a casa construída com material de refulgo (ahn?..aaah é lixo mesmo!) e que comparam a Galdi (ahn???).
    Lumiar é um paraíso mesmo Lu!!

    tin tin!!!!

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