terça-feira, 28 de outubro de 2014

Eleições 2014

Vitória apertada do PT com uma diferença de mais ou menos 3 milhões de votos. Em consequência, o ódio. Tem gente reivindicando um golpe militar na página do exército no facebook. Em São Paulo teve uma manifestação pedindo o impeachment da Dilma, reuniu 30 pessoas (acho que até teria mais gente, não fosse a falta de banho e a consequente catinga dos suvacos que desanima qualquer cidadão). Tem gente choramingando, relembrando com saudade as manifestações de junho. Tem gente RE-VOL-TA-DA porque vai ter que passar mais quatro anos sustentando os pobres e os nordestinos sem estudo que vivem de bolsa esmola. Mas o mais curioso está sendo a reação da nossa imprensa. Boner gaguejou ao dar a notícia, e na entrevista da presidenta no JN, ele e Patricinha mudaram o tom...acho que foi o constrangimento pelos gritos de "o povo não é bobo, abaixo a rede globo" trasmitidos ao vivo durante o discurso da vitória. Fala-se muito em união do país e todo mundo já decorou o mapa das eleições que mostra a expressiva vitória de Dilma no nordeste. Na globo news, às 20h do dia 26 outubro imperava o constrangimento. Merval Pereira estava IN-CON-SO-LA-VEL. Criticou a campanha "de ódio" do PT que esmagou a pobre Marina, criticou a "grosseria" da militância petista, ressaltou a "herança maldita" , ou seja, os problemas econômicos que a presidenta vai enfrentar no próximo ano, demonstrou algum prazer ao falar que o PT sai enfraquecido dessas eleições e que com isso, terá de negociar. Mas não há discurso mais repetido do que: "o país está dividido". O PT dividiu o país entre pobres e ricos, pretos e brancos. 
Estive em Copacabana no dia 19 de outubro, uma semana antes das eleições. No bairro carioca, Aécio teve uma expressiva votação no primeiro turno. Passeava pela orla com meu marido e observava as pessoas que aguardavam o comício do senador. O que vi foi muito senhor de idade, com cara de militar, ou de parente do Bolsonaro, passeando com a esposa trabalhada no botox puxando o cachorrinho pela coleira. As pessoas vestiam as cores e carregavam a bandeira do Brasil. Cantou-se o hino nacional. Senti revivido o espírito do nacional socialismo Alemão. Observe:  Aécio repetiu infinitas vezes durante a campanha que não representava um partido, seu partido é o Brasil. Seus eleitores manifestaram nas redes sociais o ódio aos pobres e nordestinos eleitores do PT, sustentados pelos "trabalhadores". Enfim, nacionalismo, anticomunismo, tradicionalismo, num contexto de uma suposta instabilidade econômica criada pela imprensa (embora as taxas de desemprego não ultrapassem 4%).  Ronaldo, Neymar, Luciano Hulk, todo mundo se envolveu, nossa imprensa se esforçou, fez bem o seu papel, mas não deu pro Aécio.

 Houve erros de cálculo. Durante as manifestações de junho ninguém pediu a volta do PSDB, não dá para ter eleições sem partido (ou faremos pelo facebook?), não foi o nordeste que elegeu a Dilma (veja o gráfico ao final do texto), o Lobão não foi embora do Brasil, e o país não está dividido. Este país sempre esteve dividido.



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