sexta-feira, 23 de março de 2012

Produzindo sentido

Das lembranças mais claras e latentes que tenho da minha infância, a do período da minha alfabetização é sem dúvida a mais importante. Incrível lembrar disso, mas o sentimento é ainda tão presente que sou capaz de descrevê-lo com alguma precisão. Lembro-me perfeitamente da sensação de começar a fazer parte do mundo, de viver num lugar cujos símbolos, finalmente, eu era capaz de decifrar, e de estar inserida, de repente, num lugar que começava a fazer sentido para mim.
Hoje quando vejo a pilha enorme de livros e textos que vão se acumulando na minha escrivaninha, sinto aquele  frio na barriga. Insegurança, medo de não ter fôlego para os próximos 4 anos de leituras densas e nem sempre prazerosas. Aí, chega a vez daquele texto genial que pensando conteúdos e questões específicas da história, são capazes de explicar o mundo. E assim, aquela sensação de um mundo que se descortina para mim, vem novamente à tona. E todas as inseguranças se dissipam com essa possibilidade de me alfabetizar para o mundo, de entender todas as suas camadas e complexidades. É preciso viver num mundo que faça sentido, que embora vasto, nele se sinta à vontade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário